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Redução no consumo de intramamários para tratamento de mastite clínica pela utilização de vacina autógena

  • Foto do escritor: Carla Critian Campos, Edson Santos Júnior
    Carla Critian Campos, Edson Santos Júnior
  • 4 de nov.
  • 4 min de leitura

Vacas leiteiras saudáveis em ambiente de produção moderna, representando o impacto positivo das vacinas autógenas no controle da mastite e na redução do uso de antibióticos.
Vacas leiteiras saudáveis em ambiente de produção moderna, representando o impacto positivo das vacinas autógenas no controle da mastite e na redução do uso de antibióticos.

A mastite é definida pela inflamação da glândula mamária causada por agentes infecciosos como bactérias, fungos, algas e leveduras. Sabe-se que há uma predominância das bactérias como causadoras de mastite e, por isso, o tratamento consiste na utilização de antimicrobianos. Entretanto, o uso indiscriminado dos antimicrobianos pode levar ao desenvolvimento de resistência bacteriana, que pode ser constatada pela baixa eficácia dos tratamentos.

Estratégias de controle e prevenção da mastite tornaram-se essenciais para minimizar os impactos desta doença na pecuária leiteira. A implementação de medidas adequadas de manejo de ordenha e do ambiente das vacas são imprescindíveis. A vacinação surge como uma alternativa complementar às medidas de manejo, com o objetivo de reduzir tanto a gravidade dos casos quanto a pressão de infecção do rebanho, e como consequência, a necessidade de uso dos antimicrobianos. Desta forma, o risco de contaminação do leite por resíduos de antimicrobianos também é minimizado, levando ao consumidor final produtos lácteos seguros e de qualidade.

Esse texto relata o caso de uma propriedade leiteira comercial localizada na região do ABCW no Paraná, que implementou o uso da vacina autógena de mastite no final de 2021 e que teve uma redução significativa no consumo de antimicrobianos intramamários para tratamento de mastite. O rebanho desta propriedade é composto por cerca de 340 vacas em lactação da raça Holandesa, mantidas em Free stall com cama de serragem, ordenhadas duas vezes ao dia com produção média diária de 38,6 litros de leite por animal. Para a identificação do perfil microbiológico da mastite na fazenda, foram coletadas amostras de leite de vacas com mastite clínica e subclínica, e posteriormente enviadas ao laboratório. Como resultado, identificou-se a partir destas amostras os seguintes agentes: Corynebacterium bovis, Escherichia coli, Klebsiella pneumoniae, Staphylococcus aureus, Staphylococcus chromogenes, Streptococcus agalactiae, Streptococcus dysgalactiae e Streptococcus uberis, os quais foram utilizadas na fabricação da vacina autógena.

O protocolo vacinal pré-parto foi iniciado nesta propriedade em outubro de 2021, o qual consiste na vacinação das vacas no momento da secagem, na entrada do pré-parto e 30 dias pós-parto. A dose da vacina com adjuvante oleoso é de 2 mL e a aplicação pela via subcutânea. Assim, os resultados da vacinação puderam ser observados a partir do início de 2022, quando a lactação das primeiras vacas vacinadas se iniciou. Todas as aquisições dos intramamários foram realizadas na loja agropecuária da cooperativa à qual o produtor está vinculado. O levantamento da quantidade de intramamários adquiridos, tanto para secagem quanto para uso na lactação, foi feito através das notas fiscais emitidas em nome do cooperado de janeiro de 2018 a dezembro de 2024. O valor da bisnaga intramamária não foi considerado, apenas a quantidade, e os dados foram analisados de forma descritiva.

Verificou-se que o rebanho em questão cresceu em número de animais até o ano de 2022 (37%) e permaneceu estável desse ano em diante. Com isso, observou-se um aumento gradativo no consumo de intramamários de secagem até o ano de 2023, com uma redução de 100 unidades no ano de 2024 em relação à 2023. O consumo de bisnagas de secagem está diretamente relacionado à eficiência reprodutiva do rebanho. No primeiro ano de implementação da vacina autógena (2022) observou-se uma redução de 48,8% no consumo de intramamários para tratamento de mastite em relação ao ano anterior. Nos anos seguintes, ocorreu uma redução de 13,3% no consumo de intramamários quando se compara o ano de 2023 em relação à 2022, e de 12,7% de 2024 em relação à 2023.

Em 2018, a fazenda gastava em média 4,9 bisnagas de tratamento por vaca enquanto em 2024 este número caiu para 1,7 bisnagas por vaca, o que representa 3,2 bisnagas a menos, uma redução de 46,7% ao longo do período avaliado. Além do impacto direto sobre os custos dos medicamentos, deve-se levar em consideração os ganhos adicionais em produtividade e redução do descarte de leite com resíduos de antimicrobianos.

É importante ressaltar que esta fazenda não utiliza a ferramenta de cultura na fazenda para diagnóstico de mastite, o que poderia influenciar diretamente no consumo dos intramamários para tratamento, já que não há recomendação do uso de antibióticos nos casos em que o crescimento bacteriano é negativo.

Figura 1. Número de bisnagas intramamárias para secagem, para tratamento de mastite durante a lactação e média anual de vacas em lactação entre os anos de 2018 e 2024.
Figura 1. Número de bisnagas intramamárias para secagem, para tratamento de mastite durante a lactação e média anual de vacas em lactação entre os anos de 2018 e 2024.

Como conclusão, verificou-se que nos anos após a implementação do tratamento de mastite clínica pela utilização de vacina autógena, houve uma redução significativa no consumo de antimicrobianos intramamários para tratamento de mastite durante a lactação no rebanho avaliado. Tal resultado demonstra o benefício da utilização das vacinas autógenas no aumento da imunidade frente aos desafios da mastite, além dos ganhos indiretos relacionados ao uso consciente dos antimicrobianos e da diminuição do risco de desenvolvimento da resistência bacteriana.

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