O programa vacinal bem estruturado e eficaz contribui para a manutenção da sanidade dos plantéis avícolas e deve estar presente em toda e qualquer produção. Considerado uma medida do programa de biosseguridade, o cronograma vacinal associado às demais medidas do programa de biosseguridade garantem ao plantel o controle/ erradicação de enfermidades na granja.

As vacinas, quando aplicadas de forma correta, geram um importante estímulo ao sistema Imune, desenvolvendo a Imunidade adquirida, onde ocorre uma complexa interação entre células e moléculas, com destaque para os linfócitos T e B, anticorpos e células apresentadoras de antígenos, conforme a figura abaixo:

O desenvolvimento de uma resposta imune específica e de memória, garante à ave uma resposta secundária mais rápida e eficaz, quando apresentada novamente ao patógeno. Dessa forma, ao elaborar um programa de vacina deve-se considerar algumas premissas básicas como:
Segmento de produção (frango de corte, postura ou reprodutoras);
Legislação vigente – Vacinas obrigatórias ou com restrição;
Sistema de criação;
Desafios locais.
As aves de ciclo produtivo curto como os frangos de corte, necessitam de uma resposta imune adquirida mais rápida, porém pouco duradoura, e dessa forma o programa vacinal abrange vacinas vivas como Marek, Gumboro e bronquite, feitas em incubatório na sua maioria. No entanto, aves de ciclo produtivo longo como reprodutoras e poedeiras comerciais, permanecem em média por volta de 60 a 110 semanas, respectivamente, e assim necessitam de uma resposta imune de memória eficiente. Além disso, as reprodutoras têm a função de garantir à progênie a imunidade materna, com passagem de anticorpos via ovo. Dessa forma, as aves de ciclo longo possuem um programa vacinal mais complexo, realizado durante a fase de recria, contemplando vacinas vivas e vacinas inativadas, de acordo com a recomendação técnica.
As vacinas vivas são compostas por microrganismos vivos atenuados e são utilizadas na primovacinação devido a sua rápida resposta imune. A imunização depende da replicação do agente no organismo da ave, estimulando uma resposta imune local.
As vacinas inativadas são compostas por microrganismos mortos/inativados e estimulam uma resposta imune mais lenta, porém mais duradoura e por isso são feitas durante a fase média e/ou final de recria (Saif et al,2020).
Em aves de postura comercial é comum utilizar vacinas como Marek, Bronquite, Newcastle, Gumboro, Coriza, Bouba, Pneumovírus, Micoplasma gallisepticum, Salmonela gallinarum e em alguns casos encefalomielite e Laringotraqueíte. Contudo, em matrizes além de utilizar vacinas para Marek, Bronquite, Newcastle, Gumboro, Bouba, Pneumovírus, Salmonela enteritidis, é comum também a utilização de vacinas para Reovírus, anemia e em alguns casos Adenovírus e astrovírus.
No Brasil, o programa nacional de sanidade avícola (PNSA) instituído pela Secretaria de Defesa Agropecuária - Portaria nº 193, de 19 de setembro de 1994, tem como objetivo vigente a prevenção e controle das enfermidades de interesse em avicultura e saúde pública, instituindo algumas normas para a vacinação de enfermidades de grande impacto. Seguem abaixo:
Enfermidade | Vacinação | Normativa |
Marek | Obrigatória | IN56/07 |
Newcastle | Obrigatória em reprodutoras, poedeiras e aves de feiras, exceto em SPF | IN56/07 e IN10/13 |
Salmonelas | Proibida a vacinação em linhas puras, avós, bisavós e SPF | IN78/03 |
Micoplasma | Proibida a vacinação em reprodutoras | IN44/01 |
Laringotraqueíte | Liberada apenas a vacina recombinante em todo território nacional | Ofício-Circular 100/21 |
Fonte: MAPA
Outro fator importante ao determinar um programa vacinal é o sistema de criação em que as aves estão inseridas: aviários verticais, Cage Free, Free range; se são de múltiplas idades ou idade única; divididos ou não por núcleos isolados entre si; e a quantidade de aves presentes. Geralmente, em sistemas de produção com idades múltiplas, alta densidade e com poucas medidas de biosseguridade observa-se maiores problemas respiratórios, entretanto sistemas onde as aves têm contato direto com a cama do aviário observa-se maiores desafios com enterobactérias (E. coli, salmoneloses, clostridioses e outras).
Dessa forma, é importante que a granja tenha como protocolo um programa de monitoria sanitária como forma de identificar se o cronograma vacinal utilizado está de acordo e se há algum desafio específico que esteja afetando os dados de produção e bem-estar das aves. Nesse caso, o programa deve contemplar vacinas específicas como as vacinas autógenas, que são produzidas a partir de isolados da propriedade, altamente seguras, inativadas e indicadas geralmente em fase de recria, de 01 a 02 doses. Agentes como E.coli, G.anatis, Reovírus, Avibacterium paragallinarum e Pasteurela multocida possuem uma maior variabilidade genética entre as cepas e dessa forma, são mais comuns de serem trabalhados em vacinas autógenas.
A monitoria sanitária como necropsias e análises laboratoriais (bacteriologia, virologia, histopatologia e sorologia) realizadas no plantel, deve ser analisada de forma conjunta com os dados zootécnicos. O responsável técnico ao identificar possíveis desafios em recria e produção, deve averiguar o programa vacinal que está sendo utilizado, o processo de vacinação, armazenamento das vacinas e fazer ajustes conforme a necessidade de cada granja.

Fonte: Arquivo Inata
A disponibilidade de mão de obra qualificada tem sido atualmente um grande problema para os produtores e vacinas mais completas ajudam a otimizar o manejo vacinal. Muitos são os fatores que podem levar às falhas do processo vacinal e por isso todos os fatores citados devem ser avaliados de modo a garantir máxima performance do programa utilizado. O Inata Biológicos possui um portifólio de vacinas comerciais de linha completas e vacinas autógenas, entre em contato conosco!
Referências Bibliográficas
Santim, E., Moraes, M.L., Sanches, A.W.D. Imunologia aplicada. In: Fisiologia das aves comerciais. Jaboticabal: Funep,2017. p 466-486
Bublot, M. 2023. Poultry vaccine technology platforms. Avian Diseases, 67(4), 380-401.
Brasil. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Vacinas vivas na avicultura. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Acesso em 25 de novembro de 2024.
SAIF, M. A. et al. Diseases of poultry. 12. ed. Ames: Iowa State University Press, 2020.
Brasil. Portaria nº 193, de 19 de setembro de 1994. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 19 set. 1994. Seção 1, p. 10.
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