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Importância da Gestão Eficiente para Tomada de Decisão na Avicultura

  • Foto do escritor: Hildene Biavatti
    Hildene Biavatti
  • há 12 horas
  • 5 min de leitura

Em termos de participação na economia brasileira, o agronegócio representa cerca de 25% do Produto Interno Bruto (PIB), abrangendo produtores de diversos portes e escalas de produção (KURESKI; MOREIRA; VEIGA, 2020). No que diz respeito à avicultura industrial, as exportações brasileiras de carne de frango — incluindo produtos in natura e processados — encerraram 2024 com um crescimento de 3%, totalizando cerca de 5,3 milhões de toneladas, segundo a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA). Esse foi o maior volume já registrado pelo setor, evidenciando sua relevância para o agronegócio nacional. O Brasil é responsável por 36% do fornecimento mundial de carne de frango, superando os Estados Unidos e a União Europeia juntos, que somam 35%. Além disso, exportamos para mais de 150 países e somos um dos maiores consumidores internos, com um consumo médio de 45,5 kg por habitante ao ano.


O atual cenário global, marcado pelos elevados custos de produção, torna não apenas a avicultura industrial, mas também o agronegócio como um todo, um setor altamente desafiador. Diante desse contexto competitivo, é fundamental adotar ferramentas e estratégias de gestão que contribuam para decisões mais assertivas e sustentáveis

 

2. A importância da melhoria contínua e das ferramentas de gestão


Com o avanço da produção tecnificada, torna-se essencial que as decisões sejam tomadas com base em dados confiáveis e bem organizados. Isso exige a construção e manutenção de um banco de dados robusto, capaz de identificar oportunidades e pontos críticos no processo. Como afirmou William Edwards Deming, renomado estatístico e referência em gestão da qualidade:


"Você não pode gerenciar o que não pode medir. E você não pode melhorar aquilo que não mede."


Entretanto, o volume de dados por si só não garante boas decisões. É crucial que essas informações sejam estruturadas e direcionadas para responder às principais perguntas de gestão. Definir indicadores de desempenho (KPIs) é parte essencial desse processo, pois determina quais variáveis devem ser monitoradas, com foco na qualidade e confiabilidade dos dados coletados.


Um exemplo prático: imagine um gestor de uma grande agroindústria enfrentando uma piora no índice de conversão alimentar de seu plantel, o que impacta diretamente o custo de produção das aves. Para identificar as causas, ele precisará analisar variáveis como: época do ano, sexo e linhagem das aves, condição sanitária do lote, mortalidade e pesos semanais, qualidade e formulação da ração, medicamentos utilizados, entre outros. Sem um banco de dados bem estruturado, essa investigação torna-se limitada e imprecisa.


Com base nisso, é necessário lançar mão de uso de algumas ferramentas amplamente difundidas para que possa ser realizado uma gestão eficiente de seu processo, não apenas para resolução de problemas mais sim como rotina de gestão.

 

2.1. Aplicação prática do ciclo PDCA


O ciclo PDCA é uma das ferramentas mais completas para promover a gestão por resultados e melhoria contínua. Ele se baseia em quatro etapas cíclicas e integradas:


  • P – Plan (Planejar): Nesta fase, define-se o problema, os objetivos, os indicadores e as ações que serão tomadas. Também se planeja como e por que as mudanças devem ser implementadas.

  • D – Do (Executar): Implementação do plano em escala controlada. Os dados devem ser coletados conforme os indicadores definidos na etapa anterior.

  • C – Check (Verificar): Os resultados obtidos são comparados com as metas planejadas. Análises estatísticas e qualitativas ajudam a avaliar o desempenho do processo.

  • A – Act (Agir/Padronizar ou Corrigir): Com base nos resultados, decide-se se as mudanças serão adotadas permanentemente (se bem-sucedidas) ou se ajustes são necessários.



No contexto da avicultura, o PDCA pode ser utilizado para diversas melhorias, como:

  • Redução de mortalidade;

  • Otimização do consumo de ração (conversão alimentar);

  • Controle de falhas no manejo;

  • Planejamento de estratégias nutricionais.


Ao aplicar o PDCA de forma sistemática, cria-se uma cultura organizacional orientada a dados, com ciclos constantes de análise, execução e reavaliação — o que fortalece a tomada de decisão e evita improvisações.

 

2.2. Outras ferramentas complementares de gestão


Além do PDCA, outras ferramentas de gestão são amplamente utilizadas para estruturar análises, identificar causas de problemas e desenvolver ações eficazes, dentre elas:


a) Diagrama de Ishikawa (ou Diagrama de Causa e Efeito)


Criado por Kaoru Ishikawa, esse diagrama é conhecido por sua estrutura em forma de espinha de peixe, onde o “efeito” (problema principal) fica na “cabeça” do peixe, e as “espinhas” representam as categorias principais de causas. É amplamente utilizado para identificar, organizar e analisar possíveis causas de um problema de maneira visual e lógica.

As categorias mais comuns utilizadas são os chamados 6Ms:


  • Máquina (equipamentos);

  • Método (processos);

  • Meio ambiente (condições externas);

  • Mão de obra (pessoas envolvidas);

  • Material (insumos utilizados);

  • Medida (dados e controle).


Exemplo na avicultura: ao enfrentar alta taxa de mortalidade em um lote, o gestor pode usar o Diagrama de Ishikawa para investigar fatores como falhas no equipamento de ventilação (máquina), protocolos de vacinação (método), qualidade da água (meio ambiente), capacitação da equipe (mão de obra), composição da ração (material) e confiabilidade dos registros de mortalidade (medida). Isso ajuda a esclarecer onde estão os pontos críticos e direcionar ações corretivas.


b) 5W2H (Checklist de Ação)


O 5W2H é uma ferramenta simples, porém extremamente eficiente para a elaboração de planos de ação estruturados. Ela orienta o planejamento de forma clara, evitando omissões importantes e garantindo a execução precisa das atividades.


Essa abordagem evita improvisações e assegura que todos os envolvidos compreendam suas responsabilidades.

 

c) Árvore dos Porquês (5 Whys)


A Árvore dos Porquês é uma ferramenta de análise de causa raiz, muito utilizada em investigações de falhas operacionais. O método consiste em perguntar repetidamente “por quê?” (normalmente cinco vezes) até identificar a causa fundamental de um problema.


A ideia é que, em vez de atacar apenas os sintomas, o gestor chegue à origem real do desvio, possibilitando uma solução mais eficaz e duradoura.



  • Exemplo na avicultura:


Problema: aumento da mortalidade.


  1. Por que houve aumento da mortalidade?

    → Porque houve aumento de temperatura.


  2. Por que ocorreu o aumento de temperatura?

    → Porque o sistema de ventilação falhou.


  3. Por que o sistema de ventilação falhou?

    → Porque houve um problema com a sonda de temperatura e os exaustores pararam de funcionar.


  4. Por que houve problema com a sonda de temperatura?

    → Porque não passou por manutenção preventiva.


  5. Por que a manutenção não foi feita?

    → Porque não havia cronograma de manutenção formalizado.


Causa raiz: Ausência de planejamento e controle de manutenção preventiva.


Solução: Implantar um plano de manutenção periódica e registrar execuções em sistema de gestão.


Essa ferramenta é essencial para prevenir recorrência de falhas e amadurecer a cultura de melhoria contínua.

 

Considerações Finais


A avicultura brasileira, por sua importância econômica e competitividade global, exige uma gestão eficiente, baseada em dados, análise de desempenho e melhoria contínua. O uso de ferramentas como o ciclo PDCA, o Diagrama de Ishikawa, o 5W2H e a Árvore dos Porquês permite que os gestores desenvolvam diagnósticos mais precisos, implementem ações bem estruturadas e promovam uma cultura organizacional orientada à qualidade.


Mais do que diferenciais, essas ferramentas se tornam necessárias para garantir eficiência, produtividade, biossegurança e sustentabilidade no setor avícola. Investir em tecnologia, capacitação e gestão sistematizada é o caminho para sustentar o crescimento do setor frente aos desafios atuais e futuros.


Autor:

Hildene Andrey Zago Biavatti

Médico Veterinário - Mestre em Produção Animal com Ênfase em Avicultura

Consultor Técnico Comercial da Inata – Regional Paraná


 

Referências Bibliográficas


  • INSTITUTO DE PESQUISA ECONÔMICA APLICADA. Análises situacionais e retrospectivas: agronegócio. Brasília: Ipea, 2025. 9 p.

  • BEVILAQUA, C. M. A história da avicultura brasileira. O PRESENTE RURAL, 12 set. 2023.

  • BRASIL. Indústria 4.0. Ministério da Indústria, Comércio e Serviço, 2020.

  • KURESKI, R.; MOREIRA, V. R.; VEIGA, C. P. Agribusiness participation in the economic structure of a Brazilian region: analysis of GDP and indirect taxes. Revista de Economia e Sociologia Rural, v. 58, n. 3, 2020.

  • PERES, Regiane. Nutrição, bem-estar e sustentabilidade do agronegócio. Globo Rural, 2020.

 

 
 
 

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