Actinobacillus Pleuropneumoniae: Sorotipos e Resistência Antimicrobiana de Isolados Clínicos Brasileiros Entre os Anos de 2023 e 2024
- Julia Montes

- 9 de jul.
- 2 min de leitura
Atualizado: 5 de set.
(MONTES et al., SINSUI 2025)
A pleuropneumonia suína é uma doença causada pela bactéria Actinobacillus pleuropneumoniae. Até o momento, 19 sorotipos de A. pleuropneumoniae foram identificados com base na diversidade antigênica de polissacarídeos capsulares e lipopolissacarídeos. A doença, caracterizada por causar lesões pulmonares necro-hemorrágica e abscedativas, é uma das doenças respiratórias mais impactantes da suinocultura moderna, com alta morbidade, letalidade e perdas econômicas significativas.
Com o objetivo de entender melhor a dinâmica epidemiológica da doença no Brasil, o time técnico da INATA realizou um levantamento laboratorial dos anos de 23 e 2024, avaliando os sorotipos circulantes e os perfis de resistência antimicrobiana de isolados clínicos brasileiros do A. pleuropneumoniae. Este trabalho foi apresentado no Simpósio Internacional de Suinocultura (SINSUI) 2025, em Porto Alegre.
Foram analisados 257 isolados de A. pleuropneumoniae, provenientes de suínos com sinais respiratórios e lesões pulmonares, oriundos dos principais estados produtores do país, incluindo: Paraná (24,51%), Minas Gerais (21,12%), Mato Grosso (22,57%) e Mato Grosso do Sul (15,56%).
Os resultados revelaram que os sorotipos mais prevalentes no período foram o 4 (28,40%), o 8 (22,57%) e o 5 (13,23%). Uma análise detalhada, comparando 2023 e 2024, demonstrou uma notável alteração na prevalência desses sorotipos: um aumento de 26,44% para o sorotipo 4 e de 20,52% para o sorotipo 5, acompanhado de um decréscimo no sorotipo 8 (32,96%) (Figura 1). Essa variação evidência a dinâmica complexa da infecção do A. pleuropneumoniae, que pode ser influenciada por fatores como: pressão seletiva pelo uso de antimicrobianos, pressão imunológica, evolução genética da bactéria, mudanças ambientais e, disseminação pela movimentação de animais.

Além da diversidade sorotípica, os dados de resistência antimicrobiana chamaram atenção: 98% dos isolados avaliados foram considerados multirresistentes, ou seja, resistentes a três ou mais classes de antimicrobianos. As maiores taxas de resistência foram observadas para: doxiciclina (94%), gentamicina (87%), tetraciclina (86%), ampicilina (70%) e ao florfenicol (54%) (Figura 2).

A maioria das cepas de A. pleuropneumoniae é intrinsecamente resistente à tetraciclina e à ampicilina e estudos citam a bactéria como sendo geralmente suscetível a fluoroquinolonas, ceftiofur e florfenicol. Porém, os relatos de resistência principalmente ao florfenicol vêm sendo encontrados desde 2012. Essas descobertas ressaltam a necessidade de dados diagnósticos detalhados, administração antimicrobiana correta e medidas preventivas, como práticas de vacinação e fortalecimento da biosseguridade, para reduzir a pressão de infecção. Além disso, o monitoramento contínuo da dinâmica epidemiológica da bactéria é fundamental para orientar a tomada de decisão em nível de granja e setor.
Na INATA, seguimos comprometidos com a geração de dados robustos que ajudem a orientar decisões sanitárias mais eficazes e sustentáveis. Para saber mais sobre nossas pesquisas e estudos, acompanhe nossos próximos conteúdo!



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