Vacinação como estratégia para prevenção de Salmonella
- Lucas Batista
- 1 de out.
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Atualizado: 2 de out.

As Salmoneloses são reconhecidas como um dos principais agentes bacterianos de relevância em saúde pública dentro da produção avícola, sendo responsáveis por aproximadamente 93 milhões de casos de gastroenterite por ano em todo o mundo (SHAJI; SELVARAJ; SHANMUGASUNDARAM, 2023), apresentando-se como uma relevante barreira comercial para a destinação de produtos avícolas aos consumidores ao redor do mundo. A situação torna-se ainda mais crítica diante das preocupações com a redução de antibióticos dentro da produção animal, a fim de evitar o desenvolvimento de cepas resistentes, fato que representa um ponto crítico para a saúde humana e para a sustentabilidade do setor avícola.
Diante desse desafio, torna-se fundamental a adoção de estratégias integradas de prevenção. Medidas de biosseguridade e manejo sanitário adequado são essenciais para reduzir a pressão de infecção dentro dos plantéis, além de outras alternativas disponíveis, como a utilização de aditivos naturais na alimentação das aves, podendo ser citados os prebióticos, probióticos, ácidos orgânicos e bacteriófagos, que podem contribuir para modular a microbiota intestinal e reduzir a colonização bacteriana. Além disso, a vacinação tem se destacado como uma estratégia indispensável, capaz de promover proteção ativa contra os principais sorotipos de importância em saúde pública, como S. Enteritidis e S. Typhimurium.

A vacinação contra Salmonella em aves tem mostrado eficácia significativa na redução da colonização intestinal e sistêmica, o que diminui a excreção fecal da bactéria e, por consequência, o risco de disseminação no ambiente de produção. Estudos experimentais demonstraram que vacinas inativadas polivalentes podem reduzir de forma expressiva a colonização por sorotipos homólogos e até heterólogos, proporcionando um efeito de proteção cruzada importante para enfrentar a diversidade de variantes de Salmonella presentes nos plantéis comerciais (CROUCH et al., 2020).
Outro benefício relevante é a transferência de imunidade passiva, onde pintinhos oriundos de matrizes vacinadas com bacterinas de S. Enteritidis apresentaram títulos significativos de anticorpos maternos detectáveis até 21 dias de idade e menor suscetibilidade a infecções precoces, com redução consistente da colonização em órgãos internos e no conteúdo cecal (INOUE et al., 2008). Esse aspecto é crucial, visto que os pintinhos jovens possuem flora intestinal imatura e sistema imunológico ainda em desenvolvimento, tornando-os altamente vulneráveis a infecções.
Estudos de campo demonstraram que frangos provenientes de matrizes vacinadas apresentaram uma probabilidade 62% menor de serem positivos para Salmonella quando comparados a descendentes de matrizes não imunizadas (BERGHAUS et al., 2011). Isso reforça que a imunização das reprodutoras tem impacto direto na redução do risco de contaminação nos plantéis de frangos de corte e, indiretamente, na segurança alimentar dos consumidores.
A eficácia da vacinação, contudo, depende do manejo correto no momento da vacinação, além de condições adequadas para sua melhor eficácia, como a correta execução do manejo sanitário, garantindo que as aves estejam em bom estado de saúde no momento da vacinação e permitindo uma resposta imune satisfatória. A definição precisa do calendário profilático deve considerar a idade das aves e os desafios epidemiológicos locais. Além disso, é essencial que as vacinas inativadas apresentem títulos antigênicos consistentes e que os adjuvantes utilizados sejam capazes de estimular a resposta imunológica duradoura sem causar reações adversas significativas, um ponto crítico para a adesão dos produtores e para a manutenção do bem-estar animal.

Com base nas necessidades do setor, a Inata desenvolveu a vacina Salmovac SE + ST, uma vacina inativada polivalente que combina as cepas Salmonella Enteritidis (IAL 1132) e S. Typhimurium (LT 11), sendo sua formulação desenhada para facilitar sua inserção nos programas de vacinação já praticados, proporcionando praticidade operacional e apropriada soroconversão dos lotes vacinados.
Resultados de experimentos internos, da vacinação de aves reprodutoras pesadas vacinadas às 12 e 18 semanas de idade, demonstraram que a Salmovac SE + ST apresenta baixa reação vacinal, quando avaliada após a administração da vacina, mesmo quando associada a outras vacinas inativadas polivalentes, como as Matrivac 7 e Adenovirus ATV, sendo este aspecto fundamental para a manutenção de uma boa performance produtiva das aves, principalmente quando se trata de bacterinas oleosas.


Para se avaliar a eficácia da soroconversão obtida neste das aves vacinadas com a SALMOVAC SE + ST, foram realizadas análises laboratoriais, através do teste de Elisa, onde evidenciamos que já após a primeira dose da vacina, houve um aumento de 9 vezes do nível de anticorpos circulantes contra Salmonelas do Grupo D, e após a segunda dose, houve um aumento na casa de 32 vezes, quando se comparou-se ao grupo que não recebeu nenhuma dose da vacina. Além disso, como se trata de uma vacina Bivalente, também se avaliou a soroconversão induzida para cada um dos agentes, contidos na vacina, através do teste de Soroaglutinação com diluição seriada de 1:64, e demonstrou eficácia comprovada para cada um dos agentes envolvidos.
A Salmovac SE + ST demonstrou ser uma ferramenta eficaz e segura para o controle de Salmonella Enteritidis e Salmonella Typhimurium, unindo praticidade operacional, baixa reação vacinal e excelente resposta imunológica comprovada em campo. Esses resultados reforçam seu papel estratégico na proteção dos plantéis avícolas e na garantia da segurança alimentar.
Na Inata Biológicos, acreditamos que o sucesso da produção está diretamente ligado à adoção de soluções integradas e personalizadas para cada realidade. Por isso, nossa equipe técnica está à disposição para oferecer suporte completo, desde a elaboração de programas vacinais até o acompanhamento em campo, garantindo que cada cliente alcance o máximo desempenho sanitário e produtivo.
Para demais esclarecimentos entre em contato conosco para conhecer de perto os diferenciais da Salmovac SE + ST e juntos construirmos estratégias de prevenção mais sólidas e sustentáveis para a sua produção.
REFERÊNCIAS
BERGHAUS, R. D.; THAYER, S. G.; MAURER, J. J.; HOFACRE, C. L. Effect of Vaccinating Breeder Chickens with a Killed Salmonella Vaccine on Salmonella Prevalences and Loads in Breeder and Broiler Chicken Flocks. Journal of Food Protection, v. 74, n. 5, p. 727-734, 2011.
ATTERBURY, R. J.; CARRIQUE-MAS, J. J.; DAVIES, R. H.; ALLEN, V. M. Salmonella colonisation of laying hens following vaccination with killed and live attenuated commercial Salmonella vaccines. Veterinary Record, v. 165, n. 17, p. 493–496, 2009.
INOUE, A. Y.; BERCHIERI JR., A.; BERNARDINO, A.; PAIVA, J. B.; STERZO, E. V. Passive Immunity of Progeny from Broiler Breeders Vaccinated with Oil-Emulsion Bacterin Against Salmonella Enteritidis. Avian Diseases, v. 52, n. 4, p. 567-571, 2008.
NAKAMURA, M.; NAGAMINE, N.; TAKAHASHI, T.; SUZUKI, S.; SATO, S. Evaluation of the efficacy of a bacterin against Salmonella enteritidis infection and the effect of stress after vaccination. Avian Diseases, v. 38, n. 4, p. 717–724, 1994. PMID: 7702503.
CROUCH, C. F.; PUGH, C.; PATEL, A.; BRINK, H.; WHARMBY, C.; WATTS, A.; VAN HULTEN, M. C. W.; DE VRIES, S. P. W. Reduction in intestinal colonization and invasion of internal organs after challenge by homologous and heterologous serovars of Salmonella enterica following vaccination of chickens with a novel trivalent inactivated Salmonella vaccine. Avian Pathology, v. 49, n. 6, p. 666-677, 2020.
SHAJI, S.; SELVARAJ, R. K.; SHANMUGASUNDARAM, R. Salmonella Infection in Poultry: A Review on the Pathogen and Control Strategies. Microorganisms, v. 11, n. 2814, 2023.