A mastite é uma das principais enfermidades dos bovinos leiteiros, que compromete o bem-estar animal e acarreta diversos prejuízos econômicos para a atividade, tais como queda na produção de leite, aumento dos gastos com medicamentos e mão de obra, descarte de leite com resíduos de antibióticos, entre outros.
A mastite é definida como a inflamação da glândula mamária, que pode ser causada por lesões traumáticas, injúrias químicas ou infecções bacterianas, sendo esta última a causa mais comum. Trata-se de uma doença multifatorial, complexa e às vezes, silenciosa quando se refere à mastite subclínica. De acordo com a sua forma de manifestação, a mastite pode ocorrer tanto na forma clínica quanto na subclínica:
Mastite clínica: os sinais clínicos são visíveis, como presença de grumos e/ou pus no leite, edema, febre, alterações no aspecto e na coloração do leite;
Mastite subclínica: os sinais clínicos são inaparentes e por isso requer testes complementares para sua detecção (California Mastitis Test – CMT e/ou Contagem Eletrônica de Células Somáticas – CCS individual);
A mastite clínica também pode ser classificada de acordo com a sua severidade:
Mastite clínica de grau 1: leve – com apenas alterações no leite, como presença de grumos e/ou alteração de sua coloração;
Mastite clínica de grau 2: moderada – as alterações inflamatórias mais intensas estão presentes, além das citadas anteriormente, ocorre também edema do quarto mamário infectado, vermelhidão e dor;
Mastite clínica de grau 3: severa – são causadas em sua maioria por agentes ambientais. Além da alteração no leite e edema de úbere, temos também a presença de sinais sistêmicos. A vaca se apresenta desidratada, anoréxica, com febre, tem depressão acentuada, prostração, podendo inclusive evoluir para o óbito do animal.
Já em relação à forma de transmissão, a mastite pode ser classificada em contagiosa ou ambiental, de acordo com o local onde a vaca se infecta:
Mastite contagiosa: os animais se infectam durante a ordenha, sendo as teteiras e as mãos do ordenhador as principais fontes de infecção. Staphylococcus aureus, Streptococcus agalactiae e Corynebacterium bovis são os principais agentes causadores de mastite contagiosa.
Mastite ambiental: os animais se infectam no ambiente de permanência das vacas no intervalo entre as ordenhas. Estes quadros ambientais geralmente estão relacionados ao ambiente com altos desafios, como chuva, umidade e calor excessivos. Escherichia coli e Klebsiella pneumoniae são as bactérias Gram negativas mais frequentes e com quadros clínicos agudos, e Streptococcus dysgalactiae e Streptococcus uberis são os agentes Gram positivos causadores de mastite ambiental.
O tipo de sistema de criação utilizado pode trazer benefícios para melhorar algumas destas situações ou trazer desafios diferentes, pois estão diretamente relacionados ao risco de mastite ambiental. Atualmente existem vários sistemas de criação de bovinos leiteiros (pastejo rotacionado, semi-confinamento, compost barn, free stall, cross ventilation), cada qual com suas particularidades.
Nos sistemas de produção à pasto, o desafio para as mastites ambientais é considerável, uma vez que a umidade e o calor favorecem a proliferação rápida de microrganismos ambientais, principalmente os coliformes. Nos sistemas confinados, a matéria orgânica utilizada como cama para os animais também é fonte de contaminação, especialmente quando há superlotação no Compost barn, com acúmulo de umidade e dejetos na superfície da cama.
O que podemos esperar de um animal que já passou por uma mastite severa? Como este animal retornará na sua próxima lactação? São perguntas frequentes em propriedades leiteiras e assim as medidas de controle e prevenção da mastite tornam-se essenciais para reduzir os impactos da doença sobre a saúde e produtividade das vacas, além de melhorar os parâmetros associados à qualidade do leite. A figura abaixo apresenta as medidas de controle e prevenção da mastite descritas por meio do Programa de Sete Pontos de Controle da Mastite:

O sétimo ponto, inclui as medidas de biosseguridade dos sistemas de produção de leite, incluindo o manejo da imunidade das vacas por meio da vacinação contra mastite.
A Inata Biológicos traz para o mercado as vacinas autógenas para mastite, as quais são produzidas a partir os agentes identificados em cada sistema de produção. A produção da vacina autógena para mastite é iniciada pela coleta de amostras de leite de vacas com mastite clínica e subclínica, para identificação do perfil microbiológico da doença naquela propriedade. As amostras são enviadas ao laboratório para isolamento e identificação dos agentes. Caso necessário, testes adicionais e confirmatórios são utilizados. Atualmente, o PCR para identificação dos fatores de virulência da Escherichia coli associada à mastite permite a escolha das melhores cepas para composição da vacina, garantindo a melhor eficácia da vacina autógena a campo.
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